
No primeiro capítulo do livro "Arquivística Temas Contemporâneos", Humberto Celeste
Innarelli estabelece, em forma de mandamentos, as 10 principais questões a serem discutidas em relação à preservação digital:
1 - Manterás uma política de preservação.
2 - Não dependerás de hardware específico.
3 - Não dependerás de software específico.
4 - Não confiarás em sistemas gerenciadores como única forma de acesso ao documento digital.
5 - Migrarás seus documentos de suporte e formato periódicamente.
6 - Replicarás os documentos em locais fisicamente separados.
7 - Não confiarás cegamente no suporte de armazenamento.
8 - Não deixarás de fazer back-up de segurança.
9 - Não preservarás lixo digital.
10 - Garantirás a autenticidade dos documentos digitais.
Sempre que preciso reordenar minhas idéias em relação aos documentos digitais recorro a esse texto didático e direto do Innarelli.
Agora, realizar, na prática, cada um dos 10 mandamentos dependeria de um amálgama envolvendo conceitos da arquivística, administração e informática. Isso é claro se a preocupação central for com o resguardo do valor de prova intrínseco ao registro documental.
Nesse sentido, pedindo licença ao Innarelli, eu proporia, para o arquivista, o mandamento n° 11: Antes de cumprir qualquer outro mandamento, realizarás análise diplomática e tipológica dos documentos digitais.
Ou seja, no trabalho de preservação, que deve envolver vários profissionais e ramos do conhecimento, a função de um arquivista é, principalmente, tornar explícitas as regras de representação envolvidas no processo de transmissão de uma determinada mensagem. Trazer à tona o contexto jurídico, administrativo e tecnológico de produção dos registros.
O trabalho de identificação/definição de espécies e tipologias documentais traria insumos mais consistentes para a definição das políticas e práticas de intervenção em elementos como hardware, software, sistemas gerenciadores, suporte, formato, e principalmente nas questões afetas à autenticidade documental.
Por acreditar muito nesse discurso, decidi testá-lo na prática. Então tenho feito, no contexto da minha pesquisa, várias experiências para criação/utilização de um modelo que permita a aplicação do método diplomático a um processo judicial digital. Os resultados devem sair até o fim do ano.
Para quem tem interesse em se aprofundar no debate, vale a pena conferir o Arquivística Temas Contemporâneos, ele está à venda
AQUI.
Postado por: Leonardo N. Moreira