O seminário esteve muito mais próximo de uma imersão em traços biográficos e conceitos básicos dos três autores, do que propriamente de uma discussão estrita sobre o que é ciência.
A proposta inicial era a defesa de 2 pontos:
1° - Tanto o “A lógica da descoberta científica” publicado em 1934, por Karl Popper; quanto o “A estrutura das revoluções científicas” publicado em 1962, por Thomas Kuhn, podem ser categorizados na corrente de pensamento que Augusto Tomanik concebe como crítica ao empiricismo.
2° - Os conceitos de demarcação da ciência, falseabilidade e paradigma estão na vanguarda do movimento em prol da revisão da concepção de ciência como portadora do conhecimento certo, verdadeiro, neutro, objetivo.
O ponto forte do seminário foi, sem dúvida, a conversa, via Skype, do Prof. Tomanik com a turma*. O tema predominante foi exatamente a questão da possibilidade de uma ciência neutra. Ao ser interpelado sobre o pensamento de Popper e Kuhn, Tomanik explicou:
“São dois pensadores importantes, são duas pessoas que nos fizeram repensar a ciência e que nos ajudaram a nos libertarmos daquela idéia de uma ciência puramente proveniente da natureza. Agora é importante pensarmos o seguinte: Popper é um pensador sobre a ciência, ele faz uma filosofia da ciência; enquanto Kuhn me parece muito mais um sociólogo dos grupos de cientistas.
Kuhn se dedica a se descrever como os grupos de cientistas agem, ele faz uma denúncia muito bem fundamentada sobre a construção coletiva da idéia de verdade na ciência, nesse sentido ele desmascara a idéia naturalista de verdade vinda dos próprios dados. Agora acho que a teoria de Kuhn é extremamente limitada na medida em que ele considera que os cientistas não agem como grupos fechados. Mas ele não vai além dessa formulação, ele não se aprofunda em como fatores extra-científicos interferem na construção do que nós aceitamos como ciência
Popper, por outro lado, já me parece uma pessoa muito mais profunda ele faz uma incursão sobre a verdade, o critério de verdade na ciência, embora eu ache que a ciência não seja exatamente o que Popper diz que deveria ser, mas acho que ele fornece linhas muito interessantes.”
No segundo dia de seminário, o grupo (formado pelos mestrandos Leonardo, Luiz Carlos e Ronald) expôs, em linhas gerais, sua visão sobre o empirismo, sugerindo inclusive uma continuidade: empirismo – positivismo – pensamento do Círculo de Viena.
Na sequência falou-se da formação e da biografia de Popper e Kuhn; para enfim chegar-se à árvore de conceitos dos dois autores, a partir da qual alguns de seus pensamentos foram sucintamente contrapostos.
Para finalizar, no intuito de motivar o debate no âmbito da tura, e seguindo a tradição de outros grupos, foram exibidos vídeos** que conjugavam o tema ciência a questões como ética, religião, tecnologia, experimentação.
A avaliação que se faz é que o seminário promoveu uma compreensão rasa dos conceitos dos 3 autores; porém os situou no tempo e no espaço, os trouxe para perto dos estudantes, e com isso fomentou uma discussão interessante.
Notas:
* Em razão do cumprimento das outras atividades da disciplina a transcrição da entrevista com o Prof. Tomanik só será disponibilizada para a turma em 31/08/2010.
** Disponibilizaremos os vídeos para postagem no Portal de Vídeos de Metodologia em CI (http://www.youtube.com/user/MetodologiaPPGCinf#p/)
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